As mídias sociais estão quebradas e implodindo

Tiago Bacciotti Moreira
2 min readApr 27, 2020

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O título desse post foi retirado do artigo escrito por Annalee Newitz no jornal americano The New York Times intitulado “ A Better Internet Is Waiting for Us” (“Uma internet melhor está esperando por nós”). Para a autora as redes sociais envenenam nossa comunicação e ao mesmo tempo minam o processo democrático. Muito se fala em regulações e formas de consertar as redes mas estas estão implodindo. Leia aqui se quiser (em inglês).

O ciclo de nascimento, amadurecimento, envelhecimento e inevitavelmente morte parece também ser uma realidade para as redes sociais. E parece que nem mesmo uma adaptação parece salvar esse processo. Muitos aqui se lembram do Orkut que, que durou dez anos e acabou sendo desativada em 30 de setembro de 2014. Fez muito sucesso no Brasil e até hoje muitos sentem falta das comunidades.

Mas, falando das redes no sentido lato o problema é a grande quantidade de dados privados que as estas conseguem a partir dos relacionamentos que você constrói, as pessoas com quem mais conversa, etc. Então, não basta o aplicativo ter criptografia, por exemplo, nas trocas de mensagens que você realiza. O problema que é possível desenhar sua rede de relacionamentos, pessoas com quem lida diariamente e desenhar o seu perfil. Soma-se a isso as o cruzamento de dados existente, por exemplo, a partir do número do seu telefone celular que é usado em mais de um aplicativo da mesma empresa.

Um outro ponto que a autora discute é a possível tendência/solução da “slow media” ou mídia lenta onde, por exemplo, algo que você postar não será imediatamente publicado mas sim algum tempo depois. A ideia seria construir uma experiência diferente nas redes. Isso daria tempo, por exemplo, para curadores e revisores humanos a olharem o que está para ser publicado e não deixar tudo por conta dos algoritmos.

Algo para se pensar:

“Isso porque na vida real, temos mais controle sobre quem entrará em nossas vidas particulares e quem aprenderá detalhes íntimos sobre nós. Buscamos informações, em vez de colocá-las em nossos rostos sem contexto ou consentimento. Lentamente, a mídia com curadoria humana refletiria melhor como a comunicação pessoal funciona em uma sociedade democrática em funcionamento. “Annalee Newitz

Eu acredito que nos próximos anos mudanças ocorrerão no funcionamento das redes e nossa ligação e interação com elas. Talvez um retorno gradativo à privacidade e mais opções de limitação do que pode e não pode ser compartilhado. O problema é que não é simplesmente você escolher não divulgar certa informação. O problema é a informação não explícita que as redes fazem uso. Seu perfil é construído a cada interação nas redes, não é anônimo, e focado no consumo. E hoje está difícil desligar essa vigilância.

Originally published at https://baciotti.com on April 27, 2020.

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